segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A POESIA PRÉ-COLOMBIANA DOS ASTECAS

Por: Luiz Antonio Canuto

Em sua capital, os astecas criaram escolas e academias que ensinavam aos jovens a arte das “palavras belas".

Os astecas, ou mexicas, dominaram a maior parte do México, do Atlãntico ao Pacífico, até a Guatemala, do século XIII até o ano de 1519, quando chegaram os conquistadores espanhóis.
A língua dos astecas, o náhtl (cujo significado é “sonoro”, “audível”, era parte de uma família linguística, cujos dialetos estendiam-se desde o atual Utha (EUA) até a Nicarágua. O náhuatl era um idioma rico e versátil, igualmente apto a registrar com precisão os acontecimentos e a denotar idéias abstratas ou construir longos discursos sentenciosos, muito apreciados pelos Mexicanos. Por sua estrutura gramatical e fonologia, presta-se a paralelismos de sons e sentidos, a rimas e figuras de retórica.
Os primeiros nahuas chegram ao Vale do México por volta do século V d. C., vindos do nordeste, de Michoacán e Jalisco. Por volta do ano 900 d. C., uma nova onda de imigrantes nahua penetraram a região das grandes civilizações da Mesoamérica.
México-Tenochotlan, a capital asteca, foi fundada em 1325, a partir daí, os astecas ampliaram seus domínios para o centro e o sul da planície mexicana, levando à difusão da língua nahuatl, que não era imposta aos povos dominados, mas estes acabavam incorporando algumas de suas palavras e expressões.
Na capital foram criadas escolas e academias com o objetivo de ensinar aos jovens a arte de memorizar, recitar e cantar “palavras belas”. Nos templos, autores de poesia e canto eram pagos para prestarem serviços aos sacerdotes e à nobreza. Na cidade de Texcoco, o conselho de música organizava concursos de poesia. O rei Nezualcoyotl foi um dos principais poetas de seu tempo. Suas odes refletem uma filosofia serena e desiludida.
Os temas dos poemas e cantos astecas eram a beleza da vida, do mundo, das flores e a morte; eram organizados em ciclos, que também poderiam ser épicos, míticos ou históricos.
Os astecas deixaram suas obras literárias registradas em escrita pictografica. Seus livros são conhecidos hoje como “Códices”.

Trecho do poema “PEQUENA DANÇA DE NETZAHUALCÓYOTL” (Baliete de Netzahualcóyotl)

Cantares mexicanos (c. 1500)
Terceiro tempo:
Diálogo entre dois poetas disfarçados de aves

Tozquécol

Sou papagaio amarelo e rocho:
Voava sobre a terra: embriagou-se meu coração

Quetzal

Chego na época das chuvas:
Sobre as flores posso cantar:
Solto meu canto: alegra-se meu coração.

Tozquécol

A água das flores espuma sobre a terra:
Embriagou-se meu coração.

Quetzal

Choro e me sinto triste
Ninguém é dono de sua própria casa sobre a terra.
Digo, eu que sou mexicano:
Sigo meu caminho.
Irei até Teucuantepec, perecerei como os de Chiltepec,
Como somente choram os de Amaxtlan e os de Xoctlan perecem.
Chora agora Tecuantepec.

Quarto tempo

Anônimo
Já está pronto o tamboril,
Será o baile, nobres guerreiros.
Peguem já suas finas pedras
E seus valiosos penachos de preciosa plumagem.
Ninguém é dono de sua própria casa sobre a terra!
Em minhas mãos estão as flores
Que fazem viver o mundo.
Peguem já suas finas pedras
E seus vaidosos penachos de preciosa plumagem.
Ninguém é dono de sua própria casa sobre a terra!

Netzahuapilli

O deus já está agitando seus guizos,
Aquele por quem tudo vive.
Acaba de conhecer Nonoalco e Huilizzapan,
E Atlacochtempan e Atlixco.
É o rei Netzahualpilli.

Um escravo vencido

Já empunhaste o esfolador.
Com ele dás prazer ao deus, Principe Netzahualpilli.
Meu coração se angustia pois sou de Nonoalco.
Ave do país do látex, porém de língua mexicana.

Quinto tempo

Um poeta

Desde o principio, amigos, o canto começa aqui.
É chegado aquele que faz a alegria dos guerreiros.
Nascestes no país do canto. Nasceste um deus.
Em tua casa a aurora se entrelaça:
Tuas flores, teus cantos são jade florescente.
Os brotos estão abrindo.
A guerra já acabou.
A vitória foi tua.
Agora nascem fragrantes flores: são tuas palavras.
E aquele por quem tudo vive se estende sobre Anáhuac.
Assim perdurará a cidade dentro da água.
Em tuas mãos permanece: somente tu a vês.

2 comentários:

  1. Olá, Luis Antonio Canuto
    Ótima iniciativa a de colocar os ‘cantares mexicanos’ em seu site, entretanto há alguns erros a serem corrigidos:
    1 - No texto introdutório (3º §), o nome da língua asteca está escrito errado: não é “náhtl”, mas sim “nahuatl”. Deve ter sido erro de digitação.
    2 – O nome da capital do México está escrito errado. Não é “México Tenochtlan”, mas sim “México Tenochtitlan”
    3 – O título do poema está errado: é “Bailes” e não “Balies”
    4 – Na primeira linha do poema você traduz: “Sou papagaio amarelo e rocho”. Bem, em primeiro lugar, a cor “roxo” se escreve com “X” (...!!), em segundo lugar, a tradução está errada, pois o original diz: “Soy papagayo amarillo y rojo”, só que “rojo”, traduzido para o português, é VERMELHO.. e não roxo. Roxo, em espanhol é “púrpura”.
    5 – Na terceira linha antes do “Quarto Tempo” você traduziu: “...perecerei como os de Chiltepec, mas o original diz “...perecerá el de Chiltepec”, ou seja: “...perecerá aquele de Chiltepec” (ou “...perecerá o de Chiltepec”).
    Se a tradução espanhola que você usou para traduzir foi a do Garibay, então há vários outros erros na sua versão.
    Abraços,
    Pedro P

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