desintegrar a palavra
deixar no ar apenas o seu cheiro
como o cheiro de deus
desintegrar a palavra
deixar no ar apenas as partículas
como o pó que flutua na luz
desintegrar a palavra
deixar no ar apenas a ilusão
a ilusão da palavra
que uma vez foi poesia
Luiz Antonio Canuto
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
POÉTICA 2
o segundo momento destes versos perversos
é o do dito pelo não dito
é o momento da via crucis pela via lactea
é o momento de ler o livro não publicado
e o poema sujo
é o momento de interromper o traço
descosturar o trapo
recolher as sobras e os retalhos
é o momento em que na sombra
se ouve o grito
e no qual o culpado fica esquecido
é o momento em que o que destrói
é o mesmo que reconstrói
este segundo momento
é o momento em que os fins justificam os meios
e o anjo se torna um filho da puta
é a hora em que a faca cega
faz sua tatuagem de sangue
em que os roto e o rasgado
se mostram à face do sagrado
é o momento de ser e não ser
de crer e não crer
de ver e deixar de ver
é o momento em que o crime
se torna castigo
é o momento em que o poeta digital
e o profeta periférico
dizem que nada será como ontem
assim como nada será como amanhã
e que o hoje esvai-se pelos dedos
e o poema soletra-se de cabeça para baixo
de baixo para cima
de dentro para fora
e de fora para dentro
Luiz Antonio Canuto
é o do dito pelo não dito
é o momento da via crucis pela via lactea
é o momento de ler o livro não publicado
e o poema sujo
é o momento de interromper o traço
descosturar o trapo
recolher as sobras e os retalhos
é o momento em que na sombra
se ouve o grito
e no qual o culpado fica esquecido
é o momento em que o que destrói
é o mesmo que reconstrói
este segundo momento
é o momento em que os fins justificam os meios
e o anjo se torna um filho da puta
é a hora em que a faca cega
faz sua tatuagem de sangue
em que os roto e o rasgado
se mostram à face do sagrado
é o momento de ser e não ser
de crer e não crer
de ver e deixar de ver
é o momento em que o crime
se torna castigo
é o momento em que o poeta digital
e o profeta periférico
dizem que nada será como ontem
assim como nada será como amanhã
e que o hoje esvai-se pelos dedos
e o poema soletra-se de cabeça para baixo
de baixo para cima
de dentro para fora
e de fora para dentro
Luiz Antonio Canuto
terça-feira, 12 de outubro de 2010
poética
quem trás a faca entre os dentes
e sangra a primavera nos pulsos
quem tem sangue nos olhos
e guarda o espírito de um caçador ancestral
com sua lança absoluta apontada para o futuro
quem é nômade do infinito
e caminha por horizontes cingidos e destinos perdidos
e repisa o lodo do caos a cada minuto
atravessando descalço cenários sem deuses
quem multiplica os peixes
e com frutos proibidos sacia os famintos
quem chega sem que ninguém espere
com uma bagagem que ficou para trás
quem sabe que para além de toda metafisica
não há sutilezas nem grandezas
e que não teme errar
em alcançar certas visões com as próprias mãos
sabe que poesia nada cobra
e não deixa sombra de dúvidas
e sangra a primavera nos pulsos
quem tem sangue nos olhos
e guarda o espírito de um caçador ancestral
com sua lança absoluta apontada para o futuro
quem é nômade do infinito
e caminha por horizontes cingidos e destinos perdidos
e repisa o lodo do caos a cada minuto
atravessando descalço cenários sem deuses
quem multiplica os peixes
e com frutos proibidos sacia os famintos
quem chega sem que ninguém espere
com uma bagagem que ficou para trás
quem sabe que para além de toda metafisica
não há sutilezas nem grandezas
e que não teme errar
em alcançar certas visões com as próprias mãos
sabe que poesia nada cobra
e não deixa sombra de dúvidas
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