O PERÍODO ENTRE-GUERRAS
O período conhecido como “entre-guerras” - 11 de novembro de 1918, quando é assinado o armísticio de Compiégne, até 1 de setembro de 1939, quando a Alemanha invade a Polônia -, é caracterizado por uma retomada pelo gosto pela vida e uma grande euforia que tomou o povo europeu, desejoso em esquecer os horrores da guerra a qualquer custo.
A década de 20, também chamada de “os loucos anos 20”, é marcada por grandes transformações na sociedade. Pode-se dizer que esse período marca efetivamente o início do século XX.
Terminada a Primeira Guerra, a indústria retomou seu progresso, a economia voltou a crescer e pairava no ar um otimismo geral em relação ao futuro.
Surgiam os movimentos operários com as primeiras greves gerais, que buscavam conquistar melhores salários e condições de trabalho nas fábricas. As mulheres lutavam pelo direito ao voto feminino e pela igualdade de direitos em relação aos homens. O rádio começava a entrar na maioria dos lares, o número de automóveis crescia exponencialmente nas ruas das grandes cidades e o cinema de Hollywood tornava-se a primeira grande indústria cultural da história.
Essa também foi a era das grandes vanguardas artísticas que propunham, com seus manifestos, romper radicalmente com a arte tradicional. O mundo via surgir então, movimentos como o Dadaísmo, o Futurismo, o Surrealismo, e artistas como Pablo Picasso, Paul Klee, André Breton, Salvador Dali, entre outros. Na música, a popularização do rádio difundia através de suas ondas a música norte-americana de raízes negras: o blues e o jazz, e músicas de origem latina, como o tango e a rumba, que embalavam os grandes bailes e as casas noturnas. Na literatura, grandes nomes como James Joyce e Virginia Woolf, entre outros, publicavam romances revolucionários. O Brasil, em fevereiro de 1922, via surgir o Movimento Modernista, com Oswald de Andrade e Mário de Andrade, na poesia, Tarsila do Amaral, na pintura, Victor Brecheret, na escultura e Villa-Lobos, na música, apenas para citar alguns dos principais nomes.
A década de 20, também foram anos de progressos na ciência e na tecnologia. Em 1921, o médico inglês Frederick Grant Bantung isolou a insulina, abrindo o caminho para que outros pesquisadores viessem a desenvolver o processo de produção de insulina artificial para o tratamento do diabéts; em 1928, Alexander Fleming descobre os antibióticos e em 1929, o alemão Werner Forssmann desenvolveu o cateter cardíaco, importante instrumento no diagnóstico de patologias do coração.
Os anos 20, porém, não foram apenas de festa e progresso. Durante a década, surgiram as ideologias totalitárias: na Itália o Fascismo, na Alemanha o Nazismo e no Brasil, inspirado tanto pelo Fascismo quanto pelo Nazismo, Plinío Marcos fundava a Ação Integralista Brasileira; movimentos xenófabos contra judeus e negros reapareciam e nos Estados Unidos a Ku Klux Klan, voltava a agir.
Em 1929, o crack da Bolsa de Valores de New York, pôs um ponto final nos “loucos anos 20” e dava início à primeira crise do capitalismo de proporções mundiais.
A CAMINHO DE UMA NOVA GUERRA
A Segunda Guerra Mundial é vista como um prolongamento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O Tratado de Versalhes e a Liga das Nações, criada em 1919 com o objetivo de resolver conflitos entre países evitando novas beligerâncias, não foram capazes de resolver questões sensíveis que surgiram após a guerra. O Tratado de Versalhes acendeu um sentimento revanchista no povo alemão, que foi prontamente capitalizado pelos nazistas; questões como as das minorias étnicas colocadas sob domínio estrangeiro, foram mau equacionadas; a Alemanha, a Itália e o Japão, então afastados do processo industrial, formaram uma agressiva aliança expansionista, chamada de Eixo.
Após a Primeira Guerra, os países europeus estavam divididos: de um lado, isolada, a União Soviética, de outro as democracias liberais, Inglaterra e França, por último a Itália e a Alemanha, vivendo sob as ideologias totalitárias nazi-fascistas que aproveitavam-se da crise econômica internacional e do descontentamento social para criticar, tanto o sistema capitalista, quanto o comunismo, fomentar o sentimento nacionalista e instaurar um Estado clerical, na busca da implementação de uma nova ordem mundial.
Entre as principais causas que levaram à eclosão da Segunda Guerra Mundial, está o expansionismo militar da Alemanha, da Itália e do Japão. Este último, em setembro de 1931, ocupou a Mandchúria, região ao norte da China, e em 1937 invadiu a China, num conflito que duraria até o ano de 1945.
Em 1933, Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha e pôs em andamento o ideário nazista. Numa clara violação ao Tratado de Versalhes (1919), que limitou as forças armadas alemãs a um contingente de 100 mil soldados e à não produção de armamentos pesados, Hitler não só reorganizou as forças militares alemãs, que em pouco tempo atingiam o número de 3 milhões de homens, como também passou a fabricar tanques e aviões de guerra que foram testados, com amplo sucesso, durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), quando parte das forças armadas, lideradas pelo general Francisco Franco, com apoio alemão, se opuseram à Frente Popular, formada por socialistas, comunistas e anarquistas e vencedora das eleições na Espanha.
Em 1935, a Itália invadiu a Etiópia, como parte de sua estratégia expansionista, no ano seguinte a Alemanha ocupou a Renânia, região fronteiriça à França, violando mais uma vez o Tratado de Versalhes. Inglaterra e França, adotando uma política de apaziguamento, limitaram-se a protestos verbais contra as ações militares de Hitler. A postura dos governos inglês e francês, foi o quanto bastou para que Hitler se sentisse mais confiante e desse continuidade ao seu projeto expansionista. Em 1938, então, a Alemanha anexou a Áustria e em seguida os Sudetos, na Tchecoslováquia, região onde viviam cerca de 3 milhões de pessoas que falavam a língua alemã e onde estavam instaladas importantes indústrias de base tchecas. A decisão sobre a anexação dos Sudestos pela Alemanha foi decidida em uma conferência realizada em Munique, em 1938, com a concordância de Inglaterra e França, que esperavam com isso evitar a eclosão de uma guerra. Em 1939, Alemanha e União Soviética firmaram um pacto de não agressão e de cooperação econômica, que previa a divisão da Polônia entre os dois países.
No dia 1 de setembro de 1939, Hilter ordenou a invasão da Polônia, rompendo o pacto com os soviéticos. França e Inglaterra declararam guerra à Alemanha em 3 de setembro. Era o início de um novo conflito mundial que terminaria com um saldo de cerca de 55 milhões de mortos.
Professor Luiz Antonio Canuto
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